domingo, 25 de fevereiro de 2018

Clarinda da Costa Siqueira


"Nasceu na cidade do Rio Grande do Sul a 26 de dezembro de 1818, e falleceu a 27 de outubro de 1867.

Em sua necrologia, escripta por Antonio Joaquim Caetano da Silva Junior, se lê o seguinte: 

'Sua intelligencia esclarecida lhe fazia amar o estudo das letras, com o que enriqueceu seu espirito, conquistando o apreço das pessoas illustradas, dando o primeiro logar entre as senhoras instruidas da sociedade pelotense.

Seu genio poetico expandiu-se em bellas producções, já religiosas, já patrioticas e amenas, umas que correm impressas com seu nome nos jornaes da provincia, outras ineditas por tel-as ella feito a pedido de pessoas que as recitavam em sociedades, theatros, etc.

A viuva, a orphã desvalida e pobre, de qualquer condição, nunca a ella recorreram em vão; não tinha fortuna, mas repartira do que tinha e a todos contentava.

Com a igreja então foi que ella mais se desvelou, e nenhuma outra senhora de Pelotas tem a ella feito tantos serviços.

Na matriz encontram-se trabalhos seus, bordados a ouro: quaes a vestimenta do Senhor dos Passos em velludo roxo, e as sanefas de S. Francisco de Paula que foram á exposição da provincia.

Além destes serviços prestou muitos outros, e ainda ultimamente agenciou 1:214$000 para mandar vir de Portugal uma vestimenta para N.S. das Dôres.'

D. Clarinda Siqueira escreveu:

Poesias - que tem sido publicada em diversos periodicos e jornaes da provincia do Rio Grande do Sul, e muitas que se acham ineditas e esparas por mãos estranhas, como declara seu biographo.

Poesias ineditas - um volume que se acha na bibliotheca pelotense, e do qual, por obsequio do digno bibliothecario F. de Paula Pires, a quem sou muito grato, possuo cópia da seguinte decima por ella glozada na idade de 16 annos, dando-se-lhe o mote:

'As cordas que tocam n'alma
Tem horas que desafinam'

GLOSA

'As grandes paixões tem calma,
Mas deixam triste signaes; 
Pois fazem golpes fataes
As cordas que tocam n'alma,
Da vida emmurchece a palma,
Fracos mortaes desatinam,
As idéas não combinam, [
Tudo é uma confusão,
E as cordas do coração
Tem horas que desafinam.'

Creio que é a sua primeira composição poetica."

Fonte: REVISTA BRASILEIRA, edição 08, ano 1881, p. 329-330.

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