terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Conselheiro Francisco Carlos de Araújo Brusque


Por Fernando Osório

"Nasceu esse ilustre rio-grandense em Porto Alegre, a 24 de maio de 1822, filho do Cel. Francisco Vicente Brusque e Exma. D. Delfina de Araújo Brusque. Formou-se na Academia de Direito de S. Paulo, em 1845. Sendo estudante, tomou parte na revolução liberal da Província de Minas.Serviu, como auditor de guerra, com o posto de major, na campanha cisplatina de 1852, sendo condecorado. 

Foi Presidente da Província do Pará, de 1863 a 1864, opondo-se, à mão armada, contra a invasão nas águas do Amazonas de duas corvetas de guerra do Peru. O fato deu-se no referido ano de 1863. Os vapores de guerra peruanos chamavam-se Morona e Pastora. Era comandante dessa quadrilha o Comandante Ferreiros. O Morona veio preso e rebocado até Belém, pela esquadrilha ao mando do chefe da esquadra Parker e o Pastora ficou arrombado e encalhado em frente à velha fortaleza de Óbidos. Trocados os necessários entendimentos entre os ministros do Brasil e Peru, foi em 23 de abril considerado terminado o incidente entre os dois, e comunicado isso à Presidência do Pará. Em consequência, partiu o vapor Morona do porto de Belém para o Peru a 12 de junho do mesmo ano e, ao frontear a fortaleza de Óbidos, parou, e salvou-a com 21 tiros, salva que foi correspondida. Pouco depois, consertado o Pastora salvou a fortaleza e seguiu o mesmo destino de seu companheiro. As conferências com o representante do Peru no Rio foram a 15 e 22 de janeiro de 1863. Os navios peruanos desatenderam às intimações feitas em Gurupá e Óbidos para pararem e, por último, resistiram à bala em Óbidos, sendo então alvejados pela fortaleza de Óbidos, que conseguiu afundar um e estragar o outro. Por essa ocasião, o Dr. Brusque foi condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Leão de Ouro da Holanda. Era também o eminente conselheiro - oficial de Cristo e da Rosa (Brasil).

Exerceu a Presidência da Província de Santa Catarina de 1862 a 1863. Deixou a Presidência do Pará (dezembro, 1864) por ter sido eleito deputado geral pelo Amazonas. Foi, ainda, deputado pelo Rio Grande do Sul em quatro legislaturas e deputado provincial - militando, até 1874, na política liberal. Na tribuna, de uma e outra casa, pôs em acentuado relevo seu formoso talento, iluminado pelas irradiações de vasto saber... 'Quando orava' era um encanto ouvi-lo; o auditório ficava preso à sua palavra arrebatadora.

Pouco antes da Guerra do Paraguai, ocupou a pasta da Marinha (1864-1865), tomando o mais vivo interesse pelos deveres inerentes a esse cargo. Não transitou por ali sem deixar um traço luminoso da sua passagem rápida, mas proveitosa. Quando ele abandonou o ministério, a imprensa carioca teceu os mais rasgados elogios à sua administração, que só se inspirou no bem público. 

E foi uma figura obrigada, durante certo tempo nas assembleias do passado do Rio Grande, em cujo recinto se enfileiravam os homens mais ilustres de nossa terra pelo saber, pelas virtudes ou cheios de serviços à pátria. Aquela velha casa, onde se reuniam os nossos representantes, no seu modesto interior, apresentava o aspecto venerando de um cenáculo. Não parecia uma assembleia de homens, parecia antes uma assembleia de deuses. E o Dr. Araújo Brusque ocupou, sempre, aí, um lugar de destaque.

Em Pelotas, a 12 de dezembro de 1882, celebrando a formatura de seu filho Francisco, fê-lo entregar cartas de liberdade a seus escravos. Faleceu, nesta cidade, a 23 de setembro de 1886, com 64 anos. Honram-lhe o nome seus dignos descendentes."

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