quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Álvaro José Gonçalves Chaves


Por Fernando Osório

"Nasceu em Pelotas, a 13 de setembro de 1861. Ramo pujante de uma árvore genealógica de vigorosa seiva. De seu ilustrado avô, Antonio José Gonçalves Chaves, de quem, por vêzes, se falou neste ensaio, e de seu pai o Dr. Antônio José Gonçalves Chaves (a cuja memória ilustre foi dada à antiga Rua Jatahy, como homenagem, a denominação - Gonçalves Chaves) herdou nobilíssimas faculdades de trabalho, de espírito e de caráter. 

Formado em Direito pela Faculdade de S. Paulo, em 1883, e lançado na vida pública, o talento forte e singular do jovem pelotense procurou dar forma ao seu ideal de liberdade e humanidade. Nestas condições, foi o fundador do Clube Republicano 20 de Setembro e redator-chefe de 'A República', de S. Paulo; um dos organizadores do Partido Republicano Pelotense, e um dos mais generosos e extremados propagandistas da abolição da escravatura. 

Promotor e membro da comissão que, em 1888, erigiu a Coluna Domingos de Almeida, no Areal, em Pelotas (Costa), considerada o primeiro monumento publicamente, no Brasil, consagrado ao ideal republicano, no regime monárquico. Foi um dos fundadores e redatores de 'A Federação'. Ao lado de Saldanha Marinho foi o verdadeiro reorganizador do Partido Republicano do Rio de Janeiro. Aí, em 20 de agôsto de 1885 fundou, ao lado de seus irmãos, os ilustres Drs. Bruno e José Chaves e de Romaguêra Corrêa, o Clube Republicano Sul-Rio-Grandense, que ao depois foi um dos melhores esteios do abolicionismo, e logo a 'Revista Federal', órgão doutrinário, que sustentou-se cêrca de dois anos.

Excursionou pelo Paraná e pelo interior do Rio Grande levantando a orientação republicana. Achando-se doente, seguiu para a Europa, e em Paris, teve a notícia da proclamação da República no Brasil, e regressou, vindo pela Espanha. Realizou, então, em Madrid, sob auspícios do notável Py y Margall, uma conferência política, memorável.

Recolheu-se ao lar e quando sua capacidade ia ser chamada para a colaboração junto ao novo regime, aqui faleceu em 22 de fevereiro de 1890. Prestou serviços a Pelotas; ainda persiste na lembrança dos contemporâneos o brilho de suas conferências políticas. Morreu muito moço, como se vê, mas teve a felicidade de ver, pouco antes de cerrar os olhos para sempre, realizados os seus sonhos: a abolição da escravatura negra, pela Lei de 13 de maio de 1888 e a redenção dos escravos brancos pela proclamação da República em 15 de novembro de 1889. Foi uma das mais risonhas esperanças que já floresceram em terras do Rio Grande."

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