sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

As Feiras Livres no Rio Grande do Sul


Trecho extraído de: URBIM, Carlos (coord.). Rio Grande do Sul: um século de história. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1999, p. 381-382.


"Em 1925, um dos maiores problemas da população gaúcha era a carestia. Os preços dos alimentos, principalmente, andavam pela hora da morte. Não havia dinheiro que chegasse na hora de garantir comida para a família. Por isso, o intendente de Porto Alegre, Otávio Rocha, nomeou uma comissão para estudar uma fórmula de oferecer produtos mais baratos. Formada pelo subintendente do Quinto Distrito, capitão Francisco Coelho, pelo capitão Maximiliano Schneider e pelo doutor Ricardo Cauduro, a comissão encontrou uma solução: feiras livres.

A primeira foi inaugurada no dia 18 de março, em um terreno na esquina da Rua São Pedro com a Avenida Bahia, no coração do arrabalde São João. Para a inauguração, foi formada uma banda de operários, que animou a cerimônia presidida pelo próprio Otávio Rocha. No local, foi erguido um pavilhão coberto por uma lona impermeável. Sob o toldo, várias bancas com as ofertas do dia.

Os primeiros feirantes inscritos foram Jorge Abrahão e a Escola de Engenharia. Abrahão vendia, a preços mais compensadores, feijão, farinha de mandioca, milho, batata, charque, toucinho, peixe seco, farinha de trigo, sal, banha e lentilha. A Escola de Engenharia estava representada pelo Instituto Experimental de Agricultura, que vendia linguiça, carne de porco, banha, feijão miúdo, galinhas, ovos, perus, patos, pão misto e sementes de vários cereais.

Veio gente de longe para comprar a preços mais acessíveis. Em pouco tempo, a prefeitura abriu feiras livres também na entrada do Caminho Novo (atual Voluntários da Pátria) e na ponte da Azenha. Os vendedores ficaram ainda mais satisfeitos: as bancas montadas uma vez por semana garantiam um movimento de 2.500 contos de réis em cada feira. A boa ideia da comissão contra a carestia foi aproveitada por outras cidades. E, no dia 21 de maio, surgia a primeira feira livre de Pelotas.

No início houve reação dos comerciantes, donos de empórios e armazéns. Mas as feiras livres vingaram e, até hoje, uma vez por semana, ainda aparecem em ruas da cidade rio-grandenses. Sempre oferecem alguma pechincha, para remediar os males da carestia. (Carlos Urbim)"

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