sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Comendador Henrique Loréa


O homem que “inventou” o bairro Jardim América – numa definição simples e direta. Não por acaso nomeia o logradouro central do bairro, se observarmos o mapa urbano daquela zona.
Henrique Loréa nasceu em Talono, Província de Novara, no norte da Itália (região dos Alpes; fronteira com a Suíça) em 1891. Veio para o Brasil aos 12 anos de idade, estabelecendo-se em Rio Grande, onde já estava o seu irmão mais velho, Luiz. Ambos os irmãos trabalharam duro na Rainha do Mar, construindo uma carreira de negócios brilhante no comércio e na indústria. Henrique passou a morar em Pelotas já moço, onde passou a gerir os negócios da firma “Luiz Loréa e Cia.”. Atuava como financiador de empreendimentos relacionados ao charque. Ainda na área empresarial foi agente local da “Sociedade de Navegação Cruzeiro do Sul Ltda.” e proprietário das firmas “Pedreira Santa Cecília”, “América Auto Partes S.A.” e “Comercial e Construtora América”. Muito rapidamente granjeou reconhecimento na Princesa do Sul, pois sempre esteve envolvido em assuntos de beneficência social. Também participou de várias entidades sociais pelotenses, inclusive em algumas ocupou a função de presidente, entre elas: Clube Comercial, Rotary Club, Clube Brilhante, Centro Português, E. C. Pelotas, C.A. Bancário, G.A. Farroupilha e Country Club.
Foi vice-cônsul da República Italiana em Pelotas até a deflagração da II Guerra Mundial e, por seu trabalho em favor da Igreja Católica na cidade (no qual se destaca a construção da Catedral São Francisco de Paula), fora agraciado pelo Papa Pio XII com a medalha “Pro Ecclesia Pontífice”. Mais tarde foi condecorado com a Comenda da Ordem de São Silvestre – surgindo daí o seu título de comendador.
Tal como apetecia a uma boa parte de pelotenses da época, vinha para o Capão do Leão em busca de descanso nos verões e nos fins-de-semana. Era proprietário da Vila Santa Cecília, sítio localizado próximo ao entroncamento das estradas do Pavão e do Passo das Pedras. Seus filhos se criaram tomando banhos de açude e colhendo frutas no sítio. Henrique Loréa também era figura muito benquista na Vila do Capão do Leão, lugar que visitava freqüentemente. Porém, o que ele tem a ver com a criação do bairro Jardim América?

Reportemos, antes de qualquer coisa, ao ano de 1941. Pois bem, fora um ano particularmente problemático quanto às condições meteorológicas na cidade de Pelotas. Em suma, o ano “Grande Enchente”. Chuvas torrenciais ocasionaram o transbordamento dos arroios Santa Bárbara e Fragata, além de uma elevação anormal do nível do Canal São Gonçalo. Por toda a parte, várzeas e baixadas foram inundadas. No Porto não se chegava, a Vila Castilhos tornou-se pura calamidade, a Ilha do Pavão (que faz parte de nosso município) deixou de “existir” por alguns dias. Desabrigados, ricos e pobres, clamavam por ajuda e uma grande corrente de solidariedade formou-se. E nesta situação toda, o Sr. Henrique Loréa envolveu-se com afinco para amenizar os problemas. Depois de passado o pesadelo, ele ainda permaneceu comovido com o que vira naquele dramático ano. Comentava com os filhos que não presenciara nada igual em sua infância na zona rural da Itália. Da mente do imigrante italiano que muito lutara no Brasil começou a surgir a idéia de fazer algo diante de um problema grave e constante em Pelotas. Além do mais, a cidade crescia em termos populacionais a passos largos, pois começava o processo de um êxodo rural mais intenso na região. Se toda essa leva de novos moradores acabasse se estabelecendo nas mesmas várzeas e baixadas tão duramente castigadas pela enchente, a repetição do fenômeno de 1941 poderia ocasionar resultados ainda mais desastrosos. Se era o operário quem mais sofria com as enchentes, por que não criar uma área residencial popular com terrenos a preços acessíveis num local naturalmente imune à elevação das águas? Este foi seu objetivo.
Após estudar inúmeras possibilidades nos arredores de Pelotas, escolhera comprar uma grande área na zona da Várzea do Fragata de propriedade do pecuarista Jaime Costa, em 1948. Logo em seguida, através de sua firma “Comercial e Construtora América” iniciaram-se os preparativos para o loteamento da área. A planta do bairro ficou a cargo do arquiteto italiano Renato Salvini, conceituado profissional na projeção de bairros-jardim, que já tinha desenvolvido trabalhos no Uruguay (Montevidéu e Piriápolis), no Rio de Janeiro e em São Paulo (onde trabalhou para a Família Matarazzo).
Na época (início da década de 1950) a iniciativa de Henrique Loréa fora aplaudida pelo poder público e por alguns outros empreendedores. Contudo, houve críticas por parte de determinadas pessoas, que consideravam impossível que se fizesse um bairro estilo “jardim” naquele local. O projeto seguiu adiante e já em 1955 começaram a serem vendidos os primeiros lotes. Concomitantemente, também por iniciativa do Comendador Loréa, surgira o bairro Jardim Europa, num outro extremo da cidade. Apesar de tudo, o Comendador Henrique Loréa veio a falecer antes das obras nos dois “jardins” (Europa e América) serem concluídas. Isso se deu em 11 de Março de 1954, pouco antes da data em que iria ser homenageado pela Câmara de Comércio de Rio Grande.

2 comentários:

Anônimo disse...

intiresno muito, obrigado

Henrique Menegotto Lorea disse...

Realmente foi um grande homem deixando um legado de muito trabalho, benfeitorias , ajuda ao próximo e a igreja católica.

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